Epifania que demorou para chegar... E quando chegou... Ah! O mal já estava feito.
Bem 'a la' Clarice Lispector mesmo.
Epifania é "a aparição; um fenômeno miraculoso", enxergar o real, manifestar a luz do ''eu''... Ou talvez pra simplificar, é se tocar de que você tá fazendo merda.
O problema é que ela se tocou tarde demais, e quando percebeu já estava ali, naquele lugar que ela tanto queria e nao queria estar. Era um conflito dentro dela mesma.
Quando abriu a porta entao... Aí que foi engraçado.
Esquisito, lá estava ela, parada no corredor... Olhando hipnotizadamente pras malas, o cara de cueca azul bebê (= brega) vendo desenho animado e pra aquela cama de casal desarrumada. Como assim? Ela já tinha vivido aquele lugar, já tinha visto aquelas pessoas. Nada era estranho... Era muito estranho. Foi tipo um Deja-vú mesmo, só que fora do comum, nao tava acontecendo nada do que foi imaginado, as situaçoes estavam totalmente diferentes. E foi isso que à assustou.
A 'luz' veio quando ela percebeu que estava com a pessoa errada. Os pensamentos nao batiam, as vontades eram totalmente diferentes... Mesmo com a luz apagada. Nao tinha sentido ficar ali, com quem nao tinha nada a ver com sua história. Ainda mais num flat barato... Nem rolava.
Ela enxergou como é fácil se enganar... Nao que alguém esteja certo, ela sabe que nao... Mas sabe, sobre a idealizaçao que vc faz de alguém, esse alguém nunca corresponde mesmo o quao foda vc o idealizou né? E aí que vc cai do cavalo.
O que a deixou com mais raiva foi que, dessa vez, nao dava pra ser parcial na historia. Ninguém tava tao errado, sao apenas ideais diferentes. Quando ela dramatizava, ele ria, quando ele dramatizava, ela ria. E assim ia ficar até que alguém cede-se. Bem a la 'alguém tem que ceder' mesmo. Só que sabia que quem ia ter que ceder mesmo seria ela... Entao preferiu ir embora, mesmo ele nao querendo, com os olhos fixados no teto e sem ver o que tava rolando por ali. Desceu pelo elevador, olhou pra aquele maldito lixo, pra aquele maldito espelho...
Péra... Quem ela queria ver, se refletiu no espelho, ah! Que beleza! Agora ela tinha chão... E sentiu-se aliviada, superou. Resolveu sair daquele mundinho com aquele que a fazia voar, mas sempre lhe dando chao. Terra firme, é isso que ela queria. Nada mais ali abalou seu humor.
Puf, como num passe de mágica, ela teve que voltar pra aquela realidade. Até pq o porteiro já estava a julgando de vadia... Tava sim, ela reparou. Mal sabe ele.
Abriu a porta de vidro, vento gelado no rosto, olhou do outro lado da rua, procurou, nao achou... Cadê? Ah não, agora sim ela ia abalar...
(...)
Achou! Elas estavam lá no banquinho... Sentadas, logo deu pra reparar que tinha preocupaçao estampada na cara das duas.
E ela percebeu que por mais que quisesse esconder sua angústia, como sempre faz muito bem, ah... Pra aquelas ela nao conseguia. Mesmo que interpretasse um Jude Law style. Tá estatelado na cara dela, por mais que ela engula o chororô, nao deixava cair nenhuma lágrima de raiva se quer...
O fim da história rolou com uma caminhada cheia de conversas na praia à noite...
E foi o melhor fim que podia ter.
'... E talvez eu seja mesmo um pouco mais...
Mas na maioria das vezes...
Eu sou só dois,
Contando com vc no meu pensamento...
E vc tem razao...
Eu realmente nao te conheço, mas vc também nao me conhece.'
Bem 'a la' Clarice Lispector mesmo.
Epifania é "a aparição; um fenômeno miraculoso", enxergar o real, manifestar a luz do ''eu''... Ou talvez pra simplificar, é se tocar de que você tá fazendo merda.
O problema é que ela se tocou tarde demais, e quando percebeu já estava ali, naquele lugar que ela tanto queria e nao queria estar. Era um conflito dentro dela mesma.
Quando abriu a porta entao... Aí que foi engraçado.
Esquisito, lá estava ela, parada no corredor... Olhando hipnotizadamente pras malas, o cara de cueca azul bebê (= brega) vendo desenho animado e pra aquela cama de casal desarrumada. Como assim? Ela já tinha vivido aquele lugar, já tinha visto aquelas pessoas. Nada era estranho... Era muito estranho. Foi tipo um Deja-vú mesmo, só que fora do comum, nao tava acontecendo nada do que foi imaginado, as situaçoes estavam totalmente diferentes. E foi isso que à assustou.
A 'luz' veio quando ela percebeu que estava com a pessoa errada. Os pensamentos nao batiam, as vontades eram totalmente diferentes... Mesmo com a luz apagada. Nao tinha sentido ficar ali, com quem nao tinha nada a ver com sua história. Ainda mais num flat barato... Nem rolava.
Ela enxergou como é fácil se enganar... Nao que alguém esteja certo, ela sabe que nao... Mas sabe, sobre a idealizaçao que vc faz de alguém, esse alguém nunca corresponde mesmo o quao foda vc o idealizou né? E aí que vc cai do cavalo.
O que a deixou com mais raiva foi que, dessa vez, nao dava pra ser parcial na historia. Ninguém tava tao errado, sao apenas ideais diferentes. Quando ela dramatizava, ele ria, quando ele dramatizava, ela ria. E assim ia ficar até que alguém cede-se. Bem a la 'alguém tem que ceder' mesmo. Só que sabia que quem ia ter que ceder mesmo seria ela... Entao preferiu ir embora, mesmo ele nao querendo, com os olhos fixados no teto e sem ver o que tava rolando por ali. Desceu pelo elevador, olhou pra aquele maldito lixo, pra aquele maldito espelho...
Péra... Quem ela queria ver, se refletiu no espelho, ah! Que beleza! Agora ela tinha chão... E sentiu-se aliviada, superou. Resolveu sair daquele mundinho com aquele que a fazia voar, mas sempre lhe dando chao. Terra firme, é isso que ela queria. Nada mais ali abalou seu humor.
Puf, como num passe de mágica, ela teve que voltar pra aquela realidade. Até pq o porteiro já estava a julgando de vadia... Tava sim, ela reparou. Mal sabe ele.
Abriu a porta de vidro, vento gelado no rosto, olhou do outro lado da rua, procurou, nao achou... Cadê? Ah não, agora sim ela ia abalar...
(...)
Achou! Elas estavam lá no banquinho... Sentadas, logo deu pra reparar que tinha preocupaçao estampada na cara das duas.
E ela percebeu que por mais que quisesse esconder sua angústia, como sempre faz muito bem, ah... Pra aquelas ela nao conseguia. Mesmo que interpretasse um Jude Law style. Tá estatelado na cara dela, por mais que ela engula o chororô, nao deixava cair nenhuma lágrima de raiva se quer...
O fim da história rolou com uma caminhada cheia de conversas na praia à noite...
E foi o melhor fim que podia ter.
'... E talvez eu seja mesmo um pouco mais...
Mas na maioria das vezes...
Eu sou só dois,
Contando com vc no meu pensamento...
E vc tem razao...
Eu realmente nao te conheço, mas vc também nao me conhece.'